Contribuição para o estudo da evolução da maturação e caracterização de vinhos de consumo provenientes de uma só casta

Abstract

A vinha é uma das mais antigas culturas que nasceu há cerca de 4 mil anos, na parte oriental do Mar Negro, nos territórios que hoje correspondem à Geórgia e Arménia (Chauvet e Reynier, 1984). Segundo Larrea Redondo (1983), uma das características da civilização da vinha é a sua expansibilidade, tendo conquistado outras regiões, com a migração quer de militares, civis ou religiosos. Na Península Ibérica, a vinha foi introduzida pelos Fenícios, sendo mais tarde cultivada pelos Romanos e por quantos povos aqui subsequentemente se instalaram (Veloso et ai, s/d). Só a partir do século XVII, após as mudanças das correntes comerciais, os países do Norte, orientaram as suas compras para Espanha e Portugal, começando o consumidor a habituar-se a vinhos mais alcoolizados. Foi nesta época que se deu o início da expansão do vinho do Porto, começando a ter um significado económico real (Chauvet e Reynier,1984). A fama deste precioso néctar, elevou a Região Demarcada do Douro, como sendo uma das mais importantes do País, caracterizada pela invulgar prodigalidade em que a natureza a adoptou, reunindo numa tão acanhada mancha vitivinícola, as condições ideais para a produção de um vinho com qualidades e fama ímpar, a nível mundial. Sendo a atenção tão concentrada neste tão delicado líquido, quase nos leva a esquecer os também apreciados vinhos de “pasto” ou “consumo”, embora estes sejam menos licorosos, devendo por isso obedecer a características básicas que definem a sua qualidade regional, onde recebem assim a denominação de origem “Douro”. Toda esta zona vinhateira tem o rio Douro corpo espinha dorsal que o atravessa no sentido Nascente-Poente, com os seus afluentes quer de Norte, quer de Sul, formando diversos vales muito apertados e sinuosos entre montanhas, por vezes com vertentes muito íngremes e cascalhentas, obrigando o viticultor a criar uma armação de terrenos muito especial que dá à região o aspecto de anfiteatro, em cujos degraus, nas estações próprias as videiras e os seus pâmpanos viçosos atapetam o solo de fresca verdura. Com a realização deste trabalho, pretende-se através da evolução da maturação, de quatro castas tintas (Touriga Francesa, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Tinta Roriz), reconhecidas como das melhores dentro do vasto número existente na Região, conhecer a sua adaptação às diferentes situações geológicas, climáticas e vegetativas. O estudo é feito nas três sub-regiões do Douro (MAPA 1), tendo sido para tal efeito, seleccionadas duas quintas de cada sub-região, situadas em localidades diferentes, pretendendo-se assim, adquirir termo de comparação na evolução da maturação de cada casta nas diferentes localidades da mesma sub-região e na Região. Numa segunda fase do trabalho, foram feitas algumas análises físico-químicas de alguns vinhos, obtidos por microvinificação do mosto de cada casta numa só quinta e respectiva Sub-Região. Esta fase, teve como pretensão adquirir um melhor estudo da composição dos vinhos, conhecendo assim as características dos mostos que lhe deram origem. O objectivo final deste trabalho, está na pretensão em poder contribuir de alguma forma para o conhecimento de algumas castas e respectivo vinho de pasto da Região Demarcada do Douro.