Avaliação dos hábitos alimentares e estilo de vida ao longo da gravidez : avaliação do índice de massa corporal na grávida e repercussões na somatometria do bebé

Abstract

Introdução: Segundo a Associação dos Nutricionistas (APN), a gravidez é um período de extrema importância tanto para a saúde do bebé como da mãe. Nesta fase é particularmente relevante adequar os hábitos alimentares às diversas alterações associadas à gravidez e também às exigências nutricionais do bebé. Assim sendo, é fundamental que a mãe pratique uma alimentação completa, variada e equilibrada, a fim de otimizar a sua saúde, minimizar o risco de complicações durante o parto. Objetivos: Avaliar os estilos de vida e hábitos alimentares na grávida, evolução de peso ao longo da gravidez e a relação das possíveis complicações como a diabetes gestacional (DG), bem como avaliar a relação com a somatometria do recém-nascido (RN). Metodologia: Foram avaliadas 99 gestantes, tendo sido recolhidas as medidas antropométricas (peso e altura), os hábitos alimentares e a somatometria do RN. A partir das medidas antropométricas calculou-se o índice de massa corporal (IMC ) pré gestacional e categorizou-se segundo a WHO (2006). O ganho de peso gestacional foi calculado a partir da subtração do peso final (peso final da gestação) e inicial (peso pré gestacional) e classificado em “recomendado”, “abaixo do recomendado” e “acima do recomendado” de acordo com as guidelines do Institute of Medicine (IOM). A caracterização dos hábitos alimentares consistiu num questionário de frequência alimentar, no qual foram avaliados também os antecedentes pessoais e obstétricos. A coleta da somatometria do RN consultou-se através dos processos clínicos, sendo também recolhidas as informações referentes ao tipo de parto e à idade gestacional (IG). Resultados: As gestantes revelam elevada prevalência combinada de excesso de peso e obesidade, embora seja predominante o estado nutricional (EN) adequado. Relativamente à relação dos hábitos de consumo com a somatometria do RN averiguou-se que o consumo de diferentes tipos de alimentos tem um impacto diferente nas medidas antropométricas do RN. No que diz respeito ao efeito dos hábitos tabágicos e da atividade física no peso do RN, verificou-se que as mães não fumadoras e as que praticam exercício físico têm mais probabilidade de terem RN no percentil normal. Relativamente ao IMC pré gestacional e ao peso do RN verificou-se que as gestantes que se encontravam com EN adequado tinham maior probabilidade dos RN apresentarem-se no percentil normoponderal, o mesmo se verificou excluindo as gestantes com DG. No que diz respeito, aos resultados referentes ao IMC pré gestacional e ao IMC final, verificou-se que as gestantes com estado de malnutrição tinham maior probabilidade de parto por cesariana. Por último, observou-se que as gestantes com DG com estado de malnutrição por excesso tinham RN no percentil obesidade (p≥97th). Conclusões: No presente estudo foi possível concluir que uma parte significativa de grávidas ainda não pratica uma alimentação segundo as recomendações da Roda dos Alimentos. Concluiu-se que não existe relação estatística entre o tabagismo materno e atividade física com o peso do RN. Também não existe relação estatística entre o IMC pré gestacional e o IMC final com o tipo de parto, embora houvesse associação. O mesmo acontece com as gestantes com DG com estado de malnutrição por excesso têm maior probabilidade dos RN encontrarem-se no percentil obesidade, ou seja, mesmo não existindo relação estatística verificou-se uma associação.