Título: Ensaio comparativo de duas cultivares de alface (Lactuca sativa var. capitata L.) sob abrigo, com utilização de cobertura directa
Autor: Oliveira, Paulo Jorge da Encarnação
metadata.dc.contributor.advisor: Santos, Ana Cristina P. Agulheiro dos
Data: 1988
Citação: OLIVEIRA, Paulo Jorge da Encarnação (1988) - Ensaio comparativo de duas cultivares de alface (Lactuca sativa var. capitata L.) sob abrigo, com utilização de cobertura directa. Castelo Branco : ESA. IPCB. Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Produção Agrícola.
Resumo: Desde há muito que os agricultores procuram superar os factores adversos que podem influenciar as suas culturas, prejudicando-as no seu desenvolvimento, por forma a obter, no mínimo de tempo e com o menor investimento possível, plantas sãs, de fácil colocação no mercado, e em época que, pela precocidade e qualidade, obtenham bom preço na venda. No fundo, trata-se de produzir barato, bom e com rapidez e vender “caro” e facilmente, por não haver concorrência. Ao mesmo tempo, actuam nesta “situação” técnicas de produção agrícola e de comercialização do que se espera “reforço” do lucro para a agricultura, isto é, para quem cultivar em melhores condições e vender cedo e de boa qualidade. As coberturas directas, utilizadas ao ar livre e directamente sobre o solo, integram-se cada vez mais nas técnicas de semi-forçagem, que, segundo Dauplé (l979), consistem em concentrar, durante o dia, num pequeno volume de ar, mais ou menos isolado, a energia recebida do sol (radiação solar) e em tentar limitar as perdas de energia durante a noite (radiação terrestre). Assim, a temperatura ambiente, sob o filme, aumenta, as plantas desenvolvem-se mais rapidamente, a cultura é mais precoce e de melhor qualidade, dado que também os filmes as protegem de agressões do meio: há, pois, maior segurança, mais precocidade e maior produtividade, com o emprego desta técnica, a par de um custo relativamente baixo, quando comparado com o de outras técnicas, nomeadamente estufas de vidro ou plástico. A cultura protegida a frio, ou semi-forçagem, tem tido grande desenvolvimento com o aparecimento dos filmes plásticos agrícolas que constituem a sua “parede”: primeiramente, empregaram-se os túneis baixos (1955), depois, os túneis elevados (l960) e, por fim, as estufas de plástico (1970). É também em 1970 que aparece a cobertura directa, técnica de semi-forçagem surgida, primeiro, na RFA, logo seguida pela Bélgica e Suiça, e, em 1976, na França. A cobertura directa é uma técnica de semi-forçagem em que se usa a cobertura plástica sobre as próprias plantas que a levantam à medida que vão crescendo, sendo esta cobertura semi-permeável ao vento e à chuva. Constituindo o arejamento dos túneis baixos, um problema delicado, lançou-se mão da cobertura destes túneis com filmes perfurados que evitassem o arejamento manual que, não sendo em tempo devido, pode prejudicar a cultura por excesso de temperatura e de humidade relativa, além de riscos de inversão de temperatura, ao mesmo tempo que, sob o ponto de vista económico, os filmes perfurados dispensam qualquer sistema de fixação da cobertura que não seja a terra e a mão de obra necessária ao arejamento. Considerados os resultados, a cobertura directa, aproxima-se muito dos que se obtém com os túneis baixos; portanto, em posição intermédia entre o que se consegue com a cultura ao ar livre e a semi-forçagem em estufa-túnel. A cobertura directa protege as plantas dos factores climáticos agressivos, proporcionando-lhes o desenvolvimento num microclima mais favorável que se estabelece sob o filme, donde resulta um mais rápido e melhor crescimento. A cobertura permite que se verifique um aumento da temperatura, funcionando como estufa e quebra-vento. Mesmo em tempo frio, tanto o solo a (-10cm) como o ar a (+5cm) arrefecem menos, pelo que as plantas continuam a crescer, além de que são protegidas de geadas pouco intensas, pelo filme. Em tempo quente, as altas temperaturas são eliminadas graças à semi-permeabilidade da cobertura, que assegura uma considerável renovação do ar, quer porque o ar quente, menos denso, atravessa o filme e sai para o exterior, quer em resultado do fluxo do ar gerado pelo vento. Em relação à cultura ao ar livre, a média de precocidade obtida varia de uma a três semanas, conforme as espécies, as condições edafo-climáticas e as técnicas de produção. Com esta técnica, há aumento da homogeneidade com aumento de maior número de plantas viáveis, a partir de uma sementeira, e possibilidade de colheita de maior número de plantas à primeira passagem. Qualitativamente, a cobertura directa favorece muitas espécies sendo a batateira a mais importante, com formação de tubércu1os mais rápida e intensa, chegando a conseguir-se aumento de rendimento de 40-100%. A cenoura vê aumentada a quantidade de caroteno e o aipo vê diminuída a tendência para o espigamento. As condições económicas actuais são de molde a aconselhar aos horticultores pequenos investimentos e, assim, vejamos qual o custo aproximado que, em França, tinham os diferentes tipos de abrigos em 1983, segundo Gerst: Estufa de vidro sem aquecimento 200 a 250 Fr./m2 Estufa de plástico 100 a 120 Fr./m2 Estufa-túnel 50 a 60 Fr./m2 Túnel baixo 10 a 15 Fr./m2 Cobertura directa 1 Fr./m2 A redução do investimento, por metro quadrado, convida a um aumento da extensão das áreas cobertas. Por outro lado, havendo intensificação cultural, há melhoria dos calendários de produção: Diminuição do tempo de ocupação da terra pela cultura. Permite recuperar tempo no caso de ter havido sementeiras ou plantações atrasadas. Permite escalonar melhor épocas de colheita e evitar períodos de ponta, no sentido de obter um escalonamento do período de colheita e um aproveitamento das disponibilidades de mão-de-obra. Dispensando qualquer tipo de armação, por assentar sobre as plantas e o solo, a cobertura directa é mais económica ainda que o túnel baixo, havendo economia de mão-de-obra. Em Portugal, a cobertura directa pouco se emprega ainda; é de prever que o venha a ser, e em larga escala, pois o nosso clima é mais favorável que o dos países do norte e centro da Europa, onde a cobertura directa só é possível no final do Inverno, começo da Primavera e no início do Outono, requerendo aquecimento em tempo frio. (Gerst et al.,l985) No nosso País, julgamos que possa recorre-se a esta técnica, durante todo o ano, especialmente no Inverno, e com provável excepção do Verão, sendo de ponderar quais os períodos de cobertura mais aconselhados, para cada época do ano.
Descrição: Disponível na Biblioteca da ESACB na cota C30-8826TFCPAG.
URI: https://minerva.ipcb.pt/handle/123456789/1377
Tipo de Documento: Relatório
Aparece nas colecções:ESACB - Produção Agrícola

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