Title: Determinação da aptidão ectomicorrízica de alguns fungos em Eucalyptus globulus Labill
Authors: Rato, Paulo Alexandre Lopes
metadata.dc.contributor.advisor: Machado, Maria Helena Neves
Luz, João Pedro Martins da
Issue Date: 1992
Citation: RATO, Paulo Alexandre Lopes (1992) - Determinação da aptidão ectomicorrízica de alguns fungos em Eucalyptus globulus Labill. Castelo Branco : ESA. IPCB. Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Produção Florestal
Abstract: Durante a última metade do século XIX vários investigadores notaram a presença de fungos nas raízes sem que existisse qualquer sinal aparente de doença ou necrose (SCHENCK, 1982). Foi FRANK (1885) no entanto, que nos seus trabalhos formula claramente a teoria da simbiose considerando o conjunto fungo-raiz como um órgão morfologicamente distinto a que deu o nome de micorriza. Segundo o mesmo autor existiam dois tipos principais de micorrizas, as ectotróficas e as endotróficas. Contudo, posteriormente, esta terminologia foi mudada por PEYRONEL et al. (1969) para ectomicorriza e endomicorriza, respectivamente. Na ectomicorriza, o fungo forma um manto que envolve externamente a raiz, dando-se a penetração das hifas que se desenvolvem entre as células do córtex constituindo a rede de Hartig; na endomicorriza o micélio do fungo é tipicamente intracelular, não se notando a existência de manto apesar das hifas se encontrarem em comunicação com o micélio disperso no solo (SANTOS, 1941). É ainda de referir a existência de um tipo intermédio denominado ectendomicorrízico que é caracterizado pela existência de rede de Hartig como nas ectomicorrizas, e de hifas intracelulares, como nas endomicorrizas (COOKE, 1977; HARLEY & SMITH, 1983). No presente trabalho apenas nos iremos ocupar das ectomicorrizas, pois que este é o tipo de associação predominante nas árvores das florestas temperadas, contrariamente ao que se passa com as espécies herbáceas e arbustivas, onde predominam as endomicorrizas. As ectomicorrizas formam-se preponderantemente nas famílias Pinaceae (Gymnospermae), Salicaceae, Betulaceae e Fagaceae (Angiospermae) (MEYER, 1973). Os fungos envolvidos nas associações ectomicorrízicas pertencem principalmente à sub-divisão Basidiomycotina, encontrando-se também alguns da Ascomycotina. Na Basidiomycotina muitas famílias apresentam uma ou mais espécies de fungos ectomicorrízicos como por exem¬plo as Agaricaceae, Amanitaceae, Boletaceae, Cortinariaceae, Thelephoraceae, Tricholomataceae, Lycoperdaceae, Phallaceae, Pisolithaceae. Na Ascomycotina as principais famílias que incluem espécies de fungos ectomicorrízicos são a Elaphomycetaceae e a Terfeziaceae (HARLEY & SMITH, 1983). Os fungos são incapazes de sintetizar compostos orgânicos a partir do dióxido de carbono atmosférico, pelos mecanismos de fotossíntese característicos das plantas e, por isso, retiram as substâncias carbonadas necessárias à sua própria síntese quer ao hospedeiro, quer à matéria orgânica do solo. Os fungos ectomicorrízicos utilizam quase exclusivamente açúcares simples provenientes da árvore (glucose, sacarose, frutose e outros), que são transformados em açúcares específicos (manitol, xilose e outros) antes de serem utilizados. Existem ainda outros compostos, mais elaborados, que passam do hospedeiro para o fungo. Trata-se de vitaminas e diversas substâncias de crescimento, muitas vezes não identificadas, que estimulam o desen-volvimento do micélio e que são indispensáveis à frutificação do fungo (GUEDES et al., 1991). Muitos são os autores que nas últimas décadas têm demonstrado a importância fundamental que as ectomicorrizas desempenham na introdução e desenvolvimento de muitas espé¬cies florestais (MARX, 1971; Le TACON et al., 1985). Os seus efeitos benéficos conferem uma maior capacidade na absorção de nutrientes, em especial do fósforo (HARLEY & SMITH, 1983; COOKE, 1977), assim como da água (BROWNLEE et al., 1983; Le TACON, 1983), além de aumentarem significativamente a resistência em solos calcários (LAPEYRIE, 1987). Verificou-se em experiências efectuadas com pinheiros em solos de pradaria, que as árvores ectomicorrizadas absorviam 234% mais fósforo, 86% mais azoto e 75% mais potássio do que as árvores não ectomicorrizadas (MEYER et al., 1983). Outro dos aspectos benéficos é referido por ZAK (1964). Ele observou que as árvores ectomicorrizadas são menos susceptíveis de serem infectadas por agentes patogénicos da raiz, devido à protecção física fornecida pelo manto fúngico e à possibilidade de elaborarem produtos com propriedades antibióticas. O mesmo autor acrescenta ainda que estes fungos induzem as células da raiz, durante a simbiose, a segregarem substâncias químicas. Estas substâncias servem não só para manter a relação micorrízica como também impedem o desenvolvimento de certos agentes patogénicos. Neste trabalho procurámos em primeiro lugar, obter culturas puras de fungos, através de isolamentos a partir de carpóforos. Seguidamente tentámos determinar a aptidão ectomicorrízica dos fungos Laccaria laccata (Scop. ex Fr.) Berk. et Br. e Lycoperdon perlatum Pers. ex Pers, com o Eucalyptus globulus Labill. Para isso realizámos sínteses assépticas segundo o método “paper-sandwich” proposto por CHILVERS et al. (1986). Por fim procedemos a ensaios fisiológicos com o fungo L. laccata tentando assim contribuir de alguma forma para o aumento da informação disponível sobre as suas condições óptimas de desenvolvimento.
Description: Disponível na Biblioteca da ESACB na cota C30-12604TFCPF.
URI: https://minerva.ipcb.pt/handle/123456789/1281
Document Type: Report
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