Influência da dieta de acabamento sobre o perfil dos ácidos gordos presentes nos lípidos do tecido adiposo subcutâneo, numa população de suínos de raça Ibérica na Extremadura (Espanha)

Abstract

A criação em sistema extensivo do porco Ibérico com aproveitamento da montanheira, nos montados (florestas de azinheiras e/ou sobreiros), leva à obtenção dos mundialmente afamados produtos de alta qualidade, provenientes das suas carcaças. A produção de suínos usando alimentos compostos, feita com certas matérias-primas, modifica o perfil dos ácidos gordos dos lípidos do tecido adiposo subcutâneo e toma difícil a distinção entre carcaças de suínos com acabamento apenas com alimentos da montanheira, e as dos suínos que consumiram alimentos compostos, quando são usadas técnicas tradicionais de controlo de qualidade. Trinta porcos Ibéricos, pesando 85-95 kg, foram distribuídos em 3 grupos de 10 animais cada e engordados em três regimes alimentares diferentes: “Montanheira” (MO), alimentados com bolota e erva; “Recebo” (RE), alimentados com alimentos compostos, e bolota e erva; e “Cebo” (CE), alimentados exclusivamente com alimentos compostos. Os lípidos do tecido adiposo subcutâneo, desses animais, foram analisados, com o objectivo de avaliar a influência do regime alimentar na fase de engorda, sobre o perfil dos ácidos gordos desses lípidos. O perfil dos ácidos gordos do tecido adiposo subcutâneo dos porcos em MO e RE apresentaram algumas diferenças significativas entre si (P <0,05), o que sugere que o perfil dos ácidos gordos reflectiu a alimentação, ingerida nesta fase, para estes dois grupos. No tecido adiposo, existiram diferenças significativas para o ácido palmítico, o ácido esteárico e o ácido oleico entre os três grupos (CE, RE e MO). Em porcos MO, os lípidos do tecido adiposo subcutâneo continham mais ácido oleico (51,80%) e menos ácido esteárico e palmítico (9,76% e 22,39%, respectivamente) (P <0,05), quando comparado com os porcos CE (46,02%, 12,53% e 24,52%, respectivamente). O tecido adiposo subcutâneo de porcos em MO apresentaram maiores quantidades de ácidos gordos monoinsaturados (P <0,05), do que os outros dois grupos (RE e CE). A percentagem do total de ácidos gordos saturados aumentou significativamente (P <0,05) com o tipo de alimentação. De 33,88% em porcos em MO, para 37,02% em porcos em RE e para 38,90% em porcos em CE. O total de ácidos

gordos polinsaturados não apresentou diferenças significativas entre os três tipos de alimentação (P> 0,05).