Contribuição para a caracterização de um núcleo de ovinos da raça Merino da Beira Baixa

Abstract

O presente trabalho de fim de curso foi realizado sobre um núcleo de ovinos da raça Merino da Beira Baixa, numa exploração particular designada “Monte Escrivão”, sita no concelho de Castelo Branco, propriedade da Sociedade Agrícola J. Valente e Irmãos, no período de Outubro de 1995 a Junho de 1996. Raça autóctone, condicionada pelo meio e aproveitadora dos terrenos incultos, alimentando-se na Primavera e passando fome durante alguns meses do ano, enfrentando toda a espécie de adversidades, apresenta uma produtividade unitária baixa. No entanto, outros factores contribuíram para justificar a sua existência e exploração, como sejam a sua rusticidade, a sua possibilidade de fazer cios ao longo do ano, a sua fertilidade, a sua longevidade e instinto e capacidade maternal. Este estudo teve como objectivo avaliar os parâmetros produtivos e reprodutivos do rebanho, em regime de exploração tradicional. Este é de grande interesse para assim podermos avaliar as potencialidades da raça. Para o estudo dos parâmetros produtivos, nomeadamente a produção leiteira, os animais estiveram sujeitos a contraste leiteiro com uma periodicidade de 28 dias, procedendo-se, posteriormente, à análise das amostras de leite recolhidas para determinação da gordura, proteína, lactose, extracto seco (sólidos totais) e extracto seco isento de gordura (sólidos não gordos) do leite. Com os dados recolhidos podemos ainda analisar a produção leiteira: total, normalizada e ordenhada do rebanho e a duração da lactação. Em relação ao crescimento dos borregos apenas foram realizadas pesagens. Os resultados por nós obtidos na produção leiteira, normalizada até 150 dias de lactação, foi de 42,52 litros de leite. Este resultado não foi muito diferente dos valores encontrados em bibliografia, no entanto pode-se dizer que o rebanho teve uma produção baixa quando comparada com a de anos anteriores.

A produção foi afectada não só pelas condições climatéricas adversas, como por ordenha ter tido início com uma média de 100 dias pós parto quando, segundo o método de Fleischman, esta deveria ter sido iniciada até aos 75 dias pós parto. Relativamente ao crescimento dos borregos, observou-se o peso médio ao nascimento foi superior nos machos, em que se registou 3,19 ± 0,34 kg contra 2,82 ± 0,46 kg nas fêmeas. Quanto aos ganhos médios diários, estes foram inferiores aos encontrados na bibliografia consultada, devendo-se isso às condições climatéricas, ao tipo de maneio praticado e à alimentação deficiente das mães. Quanto aos parâmetros reprodutivos, foram calculadas as devidas taxas permitindo assim avaliar a fertilidade, prolificidade, fecundidade do rebanho. Os resultados por nós obtidos foram bastante inferiores aos registados em estudos efectuados por outros autores, tendo sido a taxa de mortalidade de 60%. Valor muito elevado devido à debilidade dos animais, causada por um surto de coccidiose e devido ao ataque de raposas.