Estudo da flora bacteriana do útero bovino

Abstract

A infertilidade bovina é um dos factores responsáveis por grandes perdas económicas na exploração. Uma das causas mais importantes da baixa fertilidade desta espécie animal é a presença de metrites. Esta afecção é na maior parte dos casos de origem microbiana, De forma a avaliar a população bacteriana do útero bovino, procedeu-se à colheita aleatória de exsudados uterinos de um grupo de vacas de aptidão leiteira (n=28), no concelho de Idanha-a-Nova. Com base nas observações ginecológicas e nos dados reprodutivos, os animais incluídos no ensaio foram atribuídos a dois grupos de tratamento: “Controlo” e “Problema”. As bactérias do grupo enterobacteraceae foram isoladas com maior frequência em ambos os grupos. O género Bacillus sp. foi o segundo maior agente patogénico isolado laboratorialmente nos dois grupos de animais incluídos no estudo. As bactérias dos géneros Streptococcus, Pseudomonas, Aerococcus e Oerskowia foram unicamente isoladas de úteros de vacas “Problema”. As bactérias Staphylococcus foram identificadas em exsudados uterinos de vacas dos dois grupos em estudo. Na vaca leiteira, a presença de bactérias no útero parece pois ser um factor predisponente, mas não determinante, da infertilidade. Os intervalos de tempo entre a parição e a primeira inseminação artificial (I.A.), e subsequentes I.A., foram também analisados estatisticamente entre os grupos “Controlo” e “Problema”. O período de tempo do pós-parto até à primeira I.A. não parece ter relevância no sucesso reprodutivo das vacas. O aumento significativo do número médio de dias entre a 1ª e a 2ª I.A. nas vacas do grupo “Problema”, pode atribuir-se a possível mortalidade embrionária, alterações hormonais e falhas no maneio reprodutivo. Devido à exiguidade dos meios técnicos não nos foi possível averiguar tais conjecturas.